quarta-feira, 3 de março de 2010

Replicação 3: REFLEXÃO - 1 de Fevereiro

Cumpridas que foram todas as formalidades, compareceram a esta sessão todos os docentes convocados. Abordaram-se as competências da Escrita e da Compreensão do Oral, culminando a sessão com um trabalho prático sobre a anualização.
No que respeita à escrita, houve bastante interesse e participação por parte dos colegas, dado que muitos já conheciam a escrita processual e já a implementam, embora esporadicamente, em sala de aula. Quando, na verdade, esta deve ter carácter sistemático e sob a orientação e o supervisionamento por parte do professor, especialmente no 1.º e 2.º ciclos. À luz do novo programa, as etapas da escrita passam a ter outras designações de acordo com o que pressupõe o desenvolvimento da competência da escrita, convocando, claro está, os descritores de desempenho, os conteúdos e as notas apensas (referidas pelos docentes como sendo muito úteis). A focalização no processo e não no produto requererá, então, uma prática sistemática e sistematizada no ensino da escrita. De facto, verificou-se que as novas práticas de escrita na aula ganharão outra dimensão na medida em que se deverá ter em conta que é para o aluno que esta deve ser bem direccionada, motivando-o com temas e materiais diversificados, dando-lhe a conhecer o destinatário, as intenções comunicativas, o objectivo, a finalidade a que a actividade de escrita se destina (divulgação). Com efeito, é essencial, na aula, mostrar-lhes a necessidade e utilidade da produção escrita, recorrendo a temas do quotidiano ou apelando à imaginação através de situações atractivas. A escrita não tem de emergir isoladamente, pode surgir de forma dinâmica quando feita entre pares ou grupos.
A Compreensão do Oral foi outra competência que suscitou algum debate pelo facto de ser muito subjectiva em termos de avaliação e pelo facto dos alunos terem uma bagagem de conhecimentos muita pequena, vocabulário muito rudimentar - em certos casos inexistentes - para debater ou para se debruçarem sobre determinados assuntos. Sabendo que na comunicação oral há troca constante de papéis entre emissor e receptor, esta dialéctica pode não se verificar se não houver (por parte do receptor) a descodificação da mensagem. Chegou-se, então, à conclusão de que caberá ao professor investir no estudo e na pesquisa para implementar estratégias e actividades que permitam um correcto feedback, que façam com que os alunos saibam escutar para aprender a construir conhecimento e, consequentemente, saibam falar para construir e expressar conhecimento, para que, assim, as competências da compreensão do oral e da expressão oral não se tornem “artificiais”. A leitura (e o seu correcto investimento ao longo dos ciclos tal como propugna o programa e o guia de implementação) desempenhará um papel extremamente importante na apropriação do conhecimento, do vocabulário, do poder das palavras... contribuindo, deste modo, para o desenvolvimento da capacidade de pensar, de reflectir, de criticar, de agir, de comunicar... Naturalmente que levará o seu tempo para que o aluno chegue a este estatuto de comunicação ampla, complexa e proficiente.
A última parte da sessão foi destinada ao exercício da anualização. Projectei os seus pressupostos e um exemplo já feito. Posto isto, informei-os de que esta actividade seria feita por uma espécie de “tentativa e erro”, uma vez que não havia ainda dados sólidos sobre o modo como esta se deveria processar efectivamente. Entreguei, propositadamente, um exercício incompleto para que os colegas o analisassem e o completassem. Organizaram-se em grupos e todos eles trabalharam a anualização partindo de um descritor de desempenho sobre a classe dos verbos. Fui circulando, ouvindo as suas interpretações quanto aos descritores de desempenho e respectivas dúvidas que eles próprios acabavam por as esclarecer. Os trabalhos foram apresentados em plenário. Constatou-se que praticamente todos chegaram aos mesmos resultados esperados (ponto de partida e ponto de chegada), descritores de desempenho e conteúdos. Consensualmente, reconheceram a complexidade e morosidade da tarefa. Foram duas horas muito positivas e construtuivas!

Sem comentários:

Enviar um comentário