sexta-feira, 23 de outubro de 2009

1.º Módulo - REFLEXÃO

1.º módulo – reflexão (1 e 2 de Outubro)
O conhecimento de que se estava a preparar um Novo Programa de Português para o Ensino veio desde muito cedo, mas o tempo foi passando e nunca mais pensei em tal, mesmo depois de em Julho ter sido convocada para a formação e de já ter o documento.
Eis que chega o dia 1 de Outubro – primeiro dia da formação –, nenhuma leitura fora feita até então e, claro, as dúvidas tornaram-se incomensuráveis com o decorrer da primeira sessão, principalmente quando nos apresentaram a primeira tarefa.
A ansiedade e a preocupação eram imensas, pois não tinha feito qualquer investimento no sentido de consultar e ler toda a literatura sobre o assunto. Senti-me, a certa altura, perdida. Absorvi avidamente toda a informação que me foi sendo transmitida pelos vários intervenientes. A este respeito, a metodologia e a dinâmica de trabalho levada a cabo pelos formadores em muito contribuíram para a progressiva clarificação das minhas dúvidas.
Concluído o primeiro dia, fui para casa inteirar-me, o mais possível, da organização, das linhas gerais, dos pontos essenciais e dos conceitos-chave do documento em análise.
Insegurança e inquietação foram sentimentos sempre presentes ao longo dos dois dias, pois avizinhava-se uma profunda mudança estrutural e procedimental, enraizado que estava todo o meu modus operandi adquirido ao longo dos anos.
Questões, digo, inquietantes foram surgindo: E agora? Terei de desconstruir ideias, conceitos, procedimentos, práticas, metodologias, estratégias? Ou terei de os reconstruir? Que fontes consultar para preparar com segurança e correcção as aulas?
Alguma tranquilidade foi-se instalando a partir do corpus informativo – oral e escrito – facultado pelos formadores, do trabalho de grupo, da partilha de ideias e do esclarecimento de dúvidas. De facto o mote para esta formação deve ser a aprendizagem sob a forma dialógica, a partilha de conhecimentos e o trabalho colaborativo.
A fundamentação, o enquadramento, a base legislativa, o sentido de unificação, articulação, progressão, organização e sistematização do novo programa de português fazem-me compreender da necessidade que havia de se reformular e repensar as directrizes e as linhas orientadoras da minha prática pedagógica, a visão pouco holística que tinha do programa de português: estanque e fechado sobre si mesmo.
Clarificou-se a relação de verticalidade e horizontalidade entre as várias competências e entre os ciclos, bem como o princípio da progressão. As notas apensas ao programa em muito esclarecem formas de abordagem e procedimentos em relação ao tratamento do conteúdo e à visão que nos dá os descritores de desempenho. O enfoque que se dá à compreensão e expressão oral é surpreendente. Devo confessar que as considerava competências menores (metodologicamente, falando), pois a escrita, a leitura e o conhecimento explícito absorviam-nas. A preocupação de os alunos lerem bem, compreenderem e interpretarem ainda melhor e escrever com correcção era recorrente na minha prática e maneira de encarar o ensino-aprendizagem. Pensava eu que era, sobretudo, a partir da leitura e da escrita que se aprendia a falar bem, apesar de, lógico, levar constantemente os alunos a autocorrigirem-se e a explicar-lhes a origem de sistemáticos erros gramaticais. Portanto, um importante “legado” me foi deixado, devo repensar a minha actuação no sentido de, em sala de aula, transmitir aos alunos a importância da oralidade, saber falar bem, reflectir e reformular o discurso, para tal, é essencial que não lhes falando apenas da importância, lhes proporcione, acima de tudo, contextos variados e tarefas onde possam desenvolver a competência da compreensão e expressão oral. Efectivamente, tudo isto pressupõe um trabalho prévio de estudo, de leitura, de pesquisa, de reflexão e de planificação bastante cuidadas. Importante será adoptar uma nova perspectiva de didactização: trabalhar tanto quanto possível e de forma harmoniosa todas as competências, nunca mais descurar a oralidade, pois para os nossos alunos, num futuro próximo, o discurso oral será, também, uma plataforma de trabalho cada vez mais exigente: nas entrevistas, em reuniões, em debates, no atendimento... Lá vão os tempos em que era a escrita a base de escolha e selecção para um emprego. É por isso surpreendente que apareça títulos como: “Para conseguir lugares de topo em grandes empresas, há candidatos que têm de participar em debates semelhantes aos televisivos” Destak – 22 de Outubro de 2009.
Face ao exposto, pode-se deste modo contextualizar o que afirma Campos (2004) “houve (e há), pois, uma reestruturação do desempenho (...) do professor. Uma reestruturação que tem tentado acompanhar as mudanças com que o profissional de ensino se tem, cada vez mais, deparado, e que são fruto da constante e natural evolução social”.